O padre da minha cidade
Por pouco não perde a batina
Não por sua culpaMas sim de uma menina
Que não tinha muita atenção
Provocou grande confusão
Com a irmã Albertina
Transferido para o Vaticano
Resolveu a irmã presentear
Como ela é muito friorenta
Um par de luvas foi comprar
E o presente foi além
Comprou uma touca também
E um cartão para acompanhar
Uma delicada mensagem
Pediu para junto embrulhar
Queria que ficasse junto
Quando no Brasil chegar
Ela já tem certa idade
Conhecida na cidade
O presente ia lhe agradar
A balconista distraída
Quando o presente separou
Pegou a cartinha do padre
A outro embrulho anexou
E neste pacote continha
Uma minúscula calcinha
E assim o presente ficou
Entregou tudo fechado
Ao reverendo Anacleto
Que voltava para Brasil
Na hora estava por perto
Pois ia entregar a irmã
No outro dia de manhã
O delicado objeto
A irmã ao abrir o presente
Ficou bem assustada
Quando viu o remetente
Ficou mais indignada
O presente não convém
Uma calcinha quem têm
Uma coelhinha bordada
E ainda tinha uma frase
Bem na frente dizendo
“Pode vir quente
Que eu estou fervendo”
Estaria eu sonhando
Não estou acreditando
No que estou vendo
Para complicar a situação
Escreveu o padre inocente
Que queria ser o primeiro
A vê-la usando o presente
Que nela ia enfiar a mão
Ficar com ela um tempão
Para ver ser ficava quente
E ainda dizia o bilhete
Que ela ia gostar bastante
De usar nas ruas da cidade
Pois ia ficar elegante
Mas na igreja ao entrar
Na porta deverá retirar
O referido presente
E quando fosse a Roma
Usasse sem nada tampar
Deixando-a bem a vista
Para poder mostrar
Todos iam ficar olhando
Quando estiver passando
Até o Papa vai gostar.
Quanto mais lia o bilhete
Mais se indignava
Sua face enrubescia
E se auto indagava
Como um homem honrado
Tinha virado safado?
Ela jamais imaginava
Também dizia o bilhete
Para segredo ela guardar
Quem lhe deu o presente
Para ele não se complicar
As irmãs do convento
Ao vê-la usar em um evento
Poderiam não gostar
A irmã séria e comprometida
Não estava a acreditar
Como um presente daquele
Poderia ela ganhar
De quem com tanta devoção
Já rezou tanta oração
Diante de um altar
No bilhete ele explicava
Qual a sua versão
Para escolher o tamanho
Tomou uma decisão
Fechou os olhos calculou
Da Irmã ele lembrou
Mediu pela imaginação
A irmã então resolveu
Ir à igreja se confessar
Pois aquela situação
Não podia mais agüentar
E no confessionário
Disse Anacleto o vigário
Filha estou a escutar
È aquele presente Padre
Que o Senhor veio entregar
Não condiz com minha pessoa
Não posso ele aceitar
Se usar o tal presente
Que acho tão indecente
Estarei eu a pecar
Quando estava comprando
Na hora eu estava presente
Achei uma útil lembrança
Um excelente presente
Inclusive experimentei
Ficou certinha gostei
E nada de indecente
Minha filha é só uma luva
Para poder esquentar a mão
O presente enviado
Pelo nosso querido irmão
Não há nada de errado
E, se isto for pecado
Deus lhe dará o perdão
Desfeito o desentendido
Ela chegou a conclusão
Foi uma troca de presentes
Sem trocar o cartão
A tranqüilidade voltou
Tudo não passou
De uma simples confusão.
=^= =^= =^= =^= =^=
Um comentário:
Renato
Que bom receber um trabalho seu!
Quem é rei nunca perde a majestade!
Suas rimas são bem feitas e junto à sua criatividade a leitura se torna muito agradável.
Parabéns!
Pense em publicar.
Vamos aguardar.
Atenciosamente Monica Souto
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