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20/12/2014

MINEIRO TRADICIONAL




O Mineiro tradicional
É um sujeito diferente
Matuto e acolhedor
Agrada toda gente
Não deseja nem faz mal
Desconfia facilmente

Tem muitas curiosidades
Que do passado vem
Uma em especial
Que quase todos têm
Ao falar de alguma coisa
Batiza ela de trem

Cai trem dentro do olho
Joga trem na panela
Sobe no trem da estação
Pega o trem que é dela
Mistura trem no molho
Põe o trem na tigela

De baralho entende
Gosta de truco jogar
São dois contra dois
Sinais têm que trocar
Não perde para ninguém
Se o olho direito piscar

Gosta de um canteiro
Para uma couve plantar
Para ficar bem verdinha
Os pés têm que adubar
Não precisa de veneno
Só água da bica jogar

Na palhoça o fogão a lenha
Cozinha arroz com pequi
Ele se come com a mão
É o costume de todos daqui
Com cuidado dos espinhos
Que são difíceis de sair

Com a mão calejada
Fuma pito, cheira rapé
Trabalha com a enxada
A beira do igarapé
Calcula hora do almoço
Pela fumaça da chaminé

A igreja todo domingo
Vai à missa para rezar
É a única oportunidade
Da comunidade encontrar
Quando entra na igreja
O chapéu tem que tirar

Cedinho ainda madrugada
Um café tem que tomar
O rosto com água da bica
Lava para bem despertar
Pão de queijo quentinho
Na mesa não vai faltar

Cata as folhas do terreiro
Num cantinho põe a juntar
Fazendo um fumaceiro
No lixo que fez queimar
Fica de cócoras assistindo
Aproveitando para pitar
 
Um jogo tem que ouvir
Como todo bom Mineiro
Depois discutir em resenha
Com o bom companheiro
Não importa qual o time
Sendo Galo ou Cruzeiro

Uma cadeira de balanço
Na varanda a repousar
Ao som do remanso
Acaba por cochilar
Acorda quando o bichano
No seu colo vem pular

Torresmo no tropeiro
Lingüiça no feijão
Pelota de carne cortada
Para comer dentro do pão
Se for um bom Mineiro
De lenha é o seu fogão
 
Ora-pronobis em guisado
Cachoeira para nadar
Um queijo bem curado
Acha em qualquer lugar
No chiqueiro um capado
Bem tratado para engordar
 
Na venda compra fiado
Um caderno para anotar
Escolhe na prateleira
Na capanga põe pra levar
Ninguém fica desconfiado
Porque sabe que vai pagar

Canivete na bainha
Pra picar fumo do bão
Enrola na palha de milho
Puxa e traga pro pulmão
O bigode ficou amarelo
Igual os dedos da mão
 
Gosta de pinga colorida
Com Carqueja ou Alcatrão
Losna, Boldo ou Carvalho
Até mesmo com Limão
Joga um pouco pro santo
Bebe e limpa com a mão

É costume secular
Que do passado vem
Confia Desconfiando
Conforme lhe contém
Nunca chega atrasado
Portanto não perde trem

Na parede uma gaiola
Com canário assoviar
Na outra um lampião
Para noite iluminar
Onde a família reúne
À noite para prosear

Acorda com os galos
Deita com as galinhas
Antes, alimenta o gato
E recolhe a vaquinha
O cachorro vive solto
Mas tem sua casinha

Mineiro quando fala
O que é tradicional
É logo reconhecido
Pelo toque especial
Não esquece o UAI
Seu termo regional.
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03/11/2014

PAI























Embora não esteja presente
Quero deixar registrado
Para ficar na história
E sempre ser lembrado
O quanto foi importante
E por todos respeitado

Quando criamos família
E iniciamos a procriação
Descobrimos a importância
Aos pais damos mais atenção
Aumenta a afetividade
O amor e a dedicação

E assim toda família
Aprendeu como o respeitar
Um exemplo para filhos
Por perto de o avô criar
Todos os fins de semana
O Sr. tinha que abençoar

Sempre que precisou
Os filhos estavam por perto
Com os genros e noras.
Em companhia dos netos
Ensinou-nos que em família
A união é o mais correto

Foi cuidado com carinho
Por todos em igualdade
Bastava um sinal de doença
Ou outra necessidade
Dávamos total atenção
Tendo o Sr. como prioridade

Não temos nenhum remorso
Pela falta de dedicação
Todos os filhos desprenderam
Toda necessária atenção
Entregando até o ultimo dia
De alma e de coração

Porem ninguém imaginava
Como é difícil vê-lo partir
Vendo seus assentos na casa
Sem podê-lo assistir
E nas horas alegres
Compartilhar e com Sr. sorrir
  
O Sr. ocupava muito espaço 
Sendo apenas um ser
Porque hoje a casa esta grande
Não sabemos como fazer
Seus lugares preferidos vazios
So nos faz entristecer

Não somos eternos
Um dia temos que partir
A vida nos impõe um final
Todos têm que seguir
O Sr. deixou como legado
Muita coisa para se refletir

Os maiores exemplos sem duvida
São honestidade, união e respeito.
E assim estamos vivendo
Naturalmente do nosso jeito
Esforçando para mantê-los
Porque somos imperfeitos

Ensinou amar o próximo
Como Jesus Cristo fazia
No culto do lar semanal
Nos evangelhos nos lia
Deixou registrado assim
No seu livro de poesias

“ Viver para os que não amam
  Não tem nenhuma razão
  É como os vermes que arrastam
  Sem saber para onde vão”

A vida continua a frente
Não podemos no tempo parar
Temos nossos queridos filhos
E a eles precisamos dedicar
Colocar alegria no coração
E as perdas superar

O que nos acalenta e conforta
O sr, sempre disse para gente
Com suas sabias palavras
Ficou registrado na mente
"Aqueles que amamos não morrem,
Apenas partem na nossa frente."


28/05/2014

Mãe



O tempo me madureceu
Agora quero lhe falar
Coisas que no passado
O acaso me fez calar
A principal delas
É mostrar que sei amar

Agora está presente
Mas não pode escutar
Nesse sono profundo
Que não vai mais acordar
Imagino que me ouve
E não sabe demonstrar

Sua sabedoria grandiosa
Sempre soube educar
Com seu jeito simples
Sem precisar distratar
Semeou união, humildade
Por onde teve que passar

Queria que voltasse
Um dia um minuto talvez
E nesse tempo tivesse
Com sua sagaz lucidez
Para que eu possa lhe digirir
Com toda minha sensatez

Direi em alto e bom tom
Abraçando e afagando
Olhando para seus olhos
Lentamente soletrando
M.ã.e  e.u   t.e   a.m.o
É seu filho que esta falando

Aproveitaria esse momento
Para poder lhe contar
Esta cercada de anjos
Ávidos e sem fraquejar
Enviados por Deus
Só para te vigiar

Que seu fiel companheiro
Apesar de sua limitação
Faz com fé o que pode
Com toda sua devoção
Pede ao onipotente
Em forma de oração
  
Diria a família esta crescendo
Já é bisavó mais uma vez
Pedem-lhe a benção
Mantem-se em frigidez
Dizem abençoou com coração
Não entendem sua lucidez

O mundo continua girando
E não vemos sua alegria
Não demonstra tristeza
Nessa sua letargia
Perdeu os movimentos
E também sua fonia

Mas não preocupe mãezinha
Os anjos lhe tem lealdade
E estão sempre conectados
Prontos para caridade
Sabem a hora e a vez
De cada necessidade

Mas nos conforta a certeza
Quando daqui se for
Onde e que seja o destino
Plantou um rastro de flor
Deixando para nos o exemplo

O que é a pureza e o amor.



08/05/2014

IMBRÓGLIO FAMILIAR


Vou a um psiquiatra
Para poder consultar
Estou ficando louco
Ele tem que me ajudar
Já nem sei quem eu sou
No âmbito familiar

Explico com detalhes
O que esta a me embaralhar
Qualquer um ficaria confuso
Você a de concordar
Também não vai entender
Quando terminar de contar

Meu pai e minha mãe
Separaram em comunhão
Ficaram bons amigos
Cada um numa direção
Foi o inicio da história
E da minha confusão

Meu Pai casou com minha tia
Minha mãe com meu tio
E do novo casamento
Cada um teve um filho
Entender os parentescos
É que virou um desafio

Eu fiquei  com meu pai
Minha irmã com a mãe foi morar
Todos por livre vontade
Escolheu com quem ficar
Minha tia tem uma filha
Meu pai teve de adotar
  
Minha mãe também herdou
Um novo filho sobrinho
Meu tio morava com ele
Não queria ficar sozinho
Fui eu que batizei o rapaz
Que me chama de padrinho

Para confundir mais ainda
A minha irmã engravidou
Do filho da meu tio 
A que minha mãe casou
Fiquei com a filha da minha tia
Que a meu pai namorou

O casamento do meu pai
Aumentou a confusão
Minha tia virou minha mãe
Por causa desta união
Quem antes era primo
Também virou meu irmão

O novo filho da minha mãe
É meu primo e cunhado
Minha mãe é minha sogra
E o que é mais engraçado
Meu pai é meu sogro
Com sua filha eu sou casado

O filho do meu tio
Que é meu afilhado
É também meu irmão
E virou meu cunhado
Ainda é meu primo
Com minha irmã é casado

O marido da minha irmã
Minha mãe pode considerar
Como sobrinho, Genro e filho.
Sobrinho era antes de casar
Genro porque ficou com sua filha
E filho porque teve de herdar

A filha do meu pai
Com sua cunhada
É minha prima e irmã
E comigo esta casada
Quando conto as pessoas
Acham que é piada

A irmã da minha mãe
É minha tia por natureza
Sua filha a fez minha sogra
Com toda honra e nobreza
Virou minha mãe também
Casou com meu pai na igreja

Quando olho num espelho
Fico a me perguntar
Numa arvore genealógica
Onde é o meu lugar
Já nem sei quem eu sou
Nesse imbróglio familiar.



26/03/2014

O FIM DO MUNDO













Aconteceu na cidade
Em Minas, no interior
Um fato bem curioso
Gerou grande pavor
Só viu este episódio
Quem hoje já é senhor


Assunto das esquinas:
Como vamos fazer?
O Halley vai passar
Na Terra vai bater
É um grande cometa
O que vai acontecer?


E quando nela chocar
Tudo aqui vai derreter
Será que irá agüentar
Talvez só vá tremer
Tudo vai arrebentar
Ou todos vão morrer


A notícia explodiu
O jornal foi publicar
Foi de boca em boca
Na praça a conversar
Assunto do momento
O mundo vai acabar


A noiva bem depressa
Foi com o noivo conversar
Arrume logo os papeis
Vamos rápido nos casar
Não queria ir solteira
Para outro mundo passar


A virgem logo achou
Um homem para ficar
- Se dane o preconceito
Não posso mais esperar
Não deixo a virgindade
Para o fim do mundo levar


A beata correu para igreja
E se pôs de joelho rezar
D’Olho para o cristo disse:
- Sr. sei que pode escutar
Me leva direto para o céu
A Sua direita quero sentar


O bêbado foi ao boteco
Pediu uma pinga fiado
O balconista o serviu
E ouviu desconfiado
-Se o mundo não acabar
Volto depois e pago


Naquela pacata cidade
Foi a maior confusão
Todos queriam aproveitar
Daquela triste situação
Todos apavorados
Correndo sem direção


O agiota desesperado
A todos pediu resgatar
O dinheiro emprestado
Mesmo sem o juro pagar
- Por causa do fim mundo
Não posso mais emprestar


O dono da venda ordenou:
- Pagues o tens a dever
Estamos aguardando
O que vai acontecer
A partir de hoje na venda
Fiado não mais vou vender


O ateu mudou de crença
E entrou na Igreja louvar
Em oração pediu a Deus:
- Senhor vim aqui implorar
Acredito no seu poder
O Sr. tem que nos salvar


Na funerária uma faixa
“Morra sem ser pagão
Antes que tudo acabe
Pague a vista seu caixão
E ganhe uma lápide
Feita em pedra sabão”


O coveiro disse feliz:
- Se tudo acontecer
Vou garantir emprego
Terei muito que fazer
O cemitério vai lotar
Muita gente irá morrer


O tabelião mercenário
E de tanta sagacidade
Disse aos funcionários
Rindo de tanta felicidade
- Emitam atestado de óbito
Para todos da cidade


O Prefeito então reuniu
A Assembléia da cidade
Antes de o fato ocorrer
Com toda velocidade
Declarou ao Presidente
Estado de calamidade


E nada aconteceu
Quando o cometa passou
O céu apenas brilhou
A terra não acabou
E muita decepção
Naquela cidade gerou


E a noiva pobre coitada
Tentou mas não agüentou
Ficou muito entristecida
De seu marido separou
Porque veio a descobrir
Que com a virgem ele ficou


A virgem não importou
Nem ligou para se casar
Descobriu nova vida
Ficou alegre a festejar
Pois agora na barriga
Tinha um filho para criar


A beata não conforma
Depois de tanto rezar
Com seu véu e grinalda
Vai ter que se contentar
Sentar no banco da igreja
Ouvindo o padre pregar


O bêbado ficou apertado
Depois que o fogo passou
De toda aquela história
Apenas a ressaca ficou
Teve de pagar o fiado
Pois o mundo não acabou


O agiota envergonhado
Dirigiu a todos falando
- Agora está em promoção
Continuo emprestando
O juro ficou mais baixo
Todos vão sair ganhando


O moço da venda remiu
Afirmou fui um idiota
Nunca mais vou escutar
Essa conversa de lorota
A venda pela caderneta
Agora já está de volta


O ateu assustado disse
Depois de muito tremer:
- Onde já se viu um cometa
No enorme planeta bater?
Eu sabia todo momento
Que nada ia acontecer


Foi o dono da funerária
O único que se deu bem
Aproveitou a oportunidade
Nem uma urna mais tem
Vendeu todos os caixões
Sem ter morrido ninguém


E no cemitério isolado
Que não foi inaugurado
O coveiro desapontado
De cócoras agachado
De tanto ficar a toa
Acabou desempregado

No cartório sempre vazio
Só a virgem e o namorado
Para registrar o nascimento
Da sua falta de cuidado
Viu o tabelião irritado
Que perdeu o planejado


O Prefeito meio sem jeito
Foi em Brasília informar
Presidente tudo acabou
Sem mesmo iniciar
Não tiveram feridos e mortos
O Senhor há de perdoar


Foi um grande alvoroço
O que esta cidade sofreu
Esperando raios e trovões
Nem ao menos choveu
Não teve sequer um ferido
E também ninguém morreu


E a pequena cidade
Naquela pacata vila
Nunca mais vai acreditar
Em notícia descabida
Sempre de olho no céu
Leva uma vida tranqüila