Aconteceu na cidade
Em Minas, no interior
Um fato bem curioso
Gerou grande pavor
Só viu este episódio
Quem hoje já é senhor
Assunto das esquinas:
Como vamos fazer?
O Halley vai passar
Na Terra vai bater
É um grande cometa
O que vai acontecer?
E quando nela chocar
Tudo aqui vai derreter
Será que irá agüentar
Talvez só vá tremer
Tudo vai arrebentar
Ou todos vão morrer
A notícia explodiu
O jornal foi publicar
Foi de boca em boca
Na praça a conversar
Assunto do momento
O mundo vai acabar
A noiva bem depressa
Foi com o noivo conversar
Arrume logo os papeis
Vamos rápido nos casar
Não queria ir solteira
Para outro mundo passar
A virgem logo achou
Um homem para ficar
- Se dane o preconceito
Não posso mais esperar
Não deixo a virgindade
Para o fim do mundo levar
A beata correu para igreja
E se pôs de joelho rezar
D’Olho para o cristo disse:
- Sr. sei que pode escutar
Me leva direto para o céu
A Sua direita quero sentar
O bêbado foi ao boteco
Pediu uma pinga fiado
O balconista o serviu
E ouviu desconfiado
-Se o mundo não acabar
Volto depois e pago
Naquela pacata cidade
Foi a maior confusão
Todos queriam aproveitar
Daquela triste situação
Todo mundo apavorado
Até carro na contra mão
O agiota desesperado
A todos pediu resgatar
O dinheiro emprestado
Mesmo sem o juro pagar
- Por causa do fim mundo
Não posso mais emprestar
O dono da venda ordenou:
- Pagues o tens a dever
Estamos aguardando
O que vai acontecer
A partir de hoje na venda
Fiado não mais vou vender
O ateu mudou de crença
E entrou na Igreja louvar
Em oração pediu a Deus:
- Senhor vim aqui implorar
Acredito no seu poder
O Sr. tem que nos salvar
Na funerária uma faixa
“Morra sem ser pagão
Antes que tudo acabe
Pague a vista seu caixão
E ganhe uma lápide
Feita em pedra sabão”
O coveiro disse feliz:
- Se tudo acontecer
Vou garantir emprego
Terei muito que fazer
O cemitério vai lotar
Muita gente irá morrer
O tabelião mercenário
E de tanta sagacidade
Disse aos funcionários
Rindo de tanta felicidade
- Emitam atestado de óbito
Para todos da cidade
O Prefeito então reuniu
A Assembléia da cidade
Antes de o fato ocorrer
Com toda velocidade
Declarou ao Presidente
Estado de calamidade
E nada aconteceu
Quando o cometa passou
O céu apenas brilhou
A terra não acabou
E muita decepção
Naquela cidade gerou
E a noiva pobre coitada
Tentou mas não agüentou
Ficou muito entristecida
De seu marido separou
Porque veio a descobrir
Que com a virgem ele ficou
A virgem não importou
Nem ligou para se casar
Descobriu nova vida
Ficou alegre a festejar
Pois agora na barriga
Tinha um filho para criar
A beata não conforma
Depois de tanto rezar
Com seu véu e grinalda
Vai ter que se contentar
Sentar no banco da igreja
Ouvindo o padre pregar
O bêbado ficou apertado
Depois que o fogo passou
De toda aquela história
Apenas a ressaca ficou
Teve de pagar o fiado
Pois o mundo não acabou
O agiota envergonhado
Dirigiu a todos falando
- Agora está em promoção
Continuo emprestando
O juro ficou mais baixo
Todos vão sair ganhando
O moço da venda remiu
Afirmou fui um idiota
Nunca mais vou escutar
Essa conversa de lorota
A venda pela caderneta
Agora já está de volta
O ateu assustado disse
Depois de muito tremer:
- Onde já se viu um cometa
No enorme planeta bater?
Eu sabia todo momento
Que nada ia acontecer
Foi o dono da funerária
O único que se deu bem
Aproveitou a oportunidade
Nem uma urna mais tem
Vendeu todos os caixões
Sem ter morrido ninguém
E no cemitério isolado
Que não foi inaugurado
O coveiro desapontado
De cócoras agachado
De tanto ficar a toa
Acabou desempregado
No cartório sempre vazio
Só a virgem e o namorado
Para registrar o nascimento
Da sua falta de cuidado
Viu o tabelião irritado
Que perdeu o planejado
O Prefeito meio sem jeito
Foi em Brasília informar
Presidente tudo acabou
Sem mesmo iniciar
Não tiveram feridos e mortos
O Senhor há de perdoar
Foi um grande alvoroço
O que esta cidade sofreu
Esperando raios e trovões
Nem ao menos choveu
Não teve sequer um ferido
E também ninguém morreu
E a pequena cidade
Naquela pacata vila
Nunca mais vai acreditar
Em notícia descabida
Sempre de olho no céu
Leva uma vida tranqüila
5 comentários:
Parabéns Renato!!! Enviei todos os seus cordéis para os meus colegas de trabalho e assim como eu, todos adoraram!
Continue sempre inovando!
Abraços,
Aparecida (Sabará)
Muito bom! vou divulgar os seus cordéis, afinal lucramos nós.
Abraços,
Ana Lúcia
Então, Renato, li seu cordel sobre o fim do mundo e achei bem criativas as situações que você criou. No entanto não dá pra deixar de notar que o texto peca muito em estrutura e métrica. Lembre-se de que o cordel necessita de um ritmo oral para a leitura ser feita em voz alta. Não entenda meu comentário como uma crítica maldosa, mas apenas como uma observação para que seus textos melhorem cada vez mais. Indico este artigo para todos que tem dúvida sobre métrica e estrutura de cordel.
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2018483
Abraço e sucesso
Ainda n conhecia seus cordéis !
Logo agr que eu tava precisando inventar um para trabalho de escola . E justamente sobre o fim do mundo ! Amei os cordéis . Parabeéns
Otimo cordel renato, ate o proximo trabalho.friend lie
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