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14/07/2009

O FIM DO MUNDO








Aconteceu na cidade

Em Minas, no interior

Um fato bem curioso

Gerou grande pavor

Só viu este episódio

Quem hoje já é senhor



Assunto das esquinas:

Como vamos fazer?

O Halley vai passar

Na Terra vai bater

É um grande cometa

O que vai acontecer?



E quando nela chocar

Tudo aqui vai derreter

Será que irá agüentar

Talvez só vá tremer

Tudo vai arrebentar

Ou todos vão morrer



A notícia explodiu

O jornal foi publicar

Foi de boca em boca

Na praça a conversar

Assunto do momento

O mundo vai acabar



A noiva bem depressa

Foi com o noivo conversar

Arrume logo os papeis

Vamos rápido nos casar

Não queria ir solteira

Para outro mundo passar



A virgem logo achou

Um homem para ficar

- Se dane o preconceito

Não posso mais esperar

Não deixo a virgindade

Para o fim do mundo levar



A beata correu para igreja

E se pôs de joelho rezar

D’Olho para o cristo disse:

- Sr. sei que pode escutar

Me leva direto para o céu

A Sua direita quero sentar



O bêbado foi ao boteco

Pediu uma pinga fiado

O balconista o serviu

E ouviu desconfiado

-Se o mundo não acabar

Volto depois e pago



Naquela pacata cidade

Foi a maior confusão

Todos queriam aproveitar

Daquela triste situação

Todo mundo apavorado

Até carro na contra mão



O agiota desesperado

A todos pediu resgatar

O dinheiro emprestado

Mesmo sem o juro pagar

- Por causa do fim mundo

Não posso mais emprestar



O dono da venda ordenou:

- Pagues o tens a dever

Estamos aguardando

O que vai acontecer

A partir de hoje na venda

Fiado não mais vou vender



O ateu mudou de crença

E entrou na Igreja louvar

Em oração pediu a Deus:

- Senhor vim aqui implorar

Acredito no seu poder

O Sr. tem que nos salvar



Na funerária uma faixa

“Morra sem ser pagão

Antes que tudo acabe

Pague a vista seu caixão

E ganhe uma lápide

Feita em pedra sabão”



O coveiro disse feliz:

- Se tudo acontecer

Vou garantir emprego

Terei muito que fazer

O cemitério vai lotar

Muita gente irá morrer



O tabelião mercenário

E de tanta sagacidade

Disse aos funcionários

Rindo de tanta felicidade

- Emitam atestado de óbito

Para todos da cidade



O Prefeito então reuniu

A Assembléia da cidade

Antes de o fato ocorrer

Com toda velocidade

Declarou ao Presidente

Estado de calamidade



E nada aconteceu

Quando o cometa passou

O céu apenas brilhou

A terra não acabou

E muita decepção

Naquela cidade gerou



E a noiva pobre coitada

Tentou mas não agüentou

Ficou muito entristecida

De seu marido separou

Porque veio a descobrir

Que com a virgem ele ficou



A virgem não importou

Nem ligou para se casar

Descobriu nova vida

Ficou alegre a festejar

Pois agora na barriga

Tinha um filho para criar



A beata não conforma

Depois de tanto rezar

Com seu véu e grinalda

Vai ter que se contentar

Sentar no banco da igreja

Ouvindo o padre pregar



O bêbado ficou apertado

Depois que o fogo passou

De toda aquela história

Apenas a ressaca ficou

Teve de pagar o fiado

Pois o mundo não acabou



O agiota envergonhado

Dirigiu a todos falando

- Agora está em promoção

Continuo emprestando

O juro ficou mais baixo

Todos vão sair ganhando



O moço da venda remiu

Afirmou fui um idiota

Nunca mais vou escutar

Essa conversa de lorota

A venda pela caderneta

Agora já está de volta



O ateu assustado disse

Depois de muito tremer:

- Onde já se viu um cometa

No enorme planeta bater?

Eu sabia todo momento

Que nada ia acontecer



Foi o dono da funerária

O único que se deu bem

Aproveitou a oportunidade

Nem uma urna mais tem

Vendeu todos os caixões

Sem ter morrido ninguém



E no cemitério isolado

Que não foi inaugurado

O coveiro desapontado

De cócoras agachado

De tanto ficar a toa

Acabou desempregado


No cartório sempre vazio

Só a virgem e o namorado

Para registrar o nascimento

Da sua falta de cuidado

Viu o tabelião irritado

Que perdeu o planejado



O Prefeito meio sem jeito

Foi em Brasília informar

Presidente tudo acabou

Sem mesmo iniciar

Não tiveram feridos e mortos

O Senhor há de perdoar



Foi um grande alvoroço

O que esta cidade sofreu

Esperando raios e trovões

Nem ao menos choveu

Não teve sequer um ferido

E também ninguém morreu



E a pequena cidade

Naquela pacata vila

Nunca mais vai acreditar

Em notícia descabida

Sempre de olho no céu

Leva uma vida tranqüila

5 comentários:

Unknown disse...

Parabéns Renato!!! Enviei todos os seus cordéis para os meus colegas de trabalho e assim como eu, todos adoraram!
Continue sempre inovando!
Abraços,
Aparecida (Sabará)

Ana Lúcia Maldonado Portugal disse...

Muito bom! vou divulgar os seus cordéis, afinal lucramos nós.
Abraços,
Ana Lúcia

Rafael Rubens disse...

Então, Renato, li seu cordel sobre o fim do mundo e achei bem criativas as situações que você criou. No entanto não dá pra deixar de notar que o texto peca muito em estrutura e métrica. Lembre-se de que o cordel necessita de um ritmo oral para a leitura ser feita em voz alta. Não entenda meu comentário como uma crítica maldosa, mas apenas como uma observação para que seus textos melhorem cada vez mais. Indico este artigo para todos que tem dúvida sobre métrica e estrutura de cordel.
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/2018483
Abraço e sucesso

Anônimo disse...

Ainda n conhecia seus cordéis !
Logo agr que eu tava precisando inventar um para trabalho de escola . E justamente sobre o fim do mundo ! Amei os cordéis . Parabeéns

Anônimo disse...

Otimo cordel renato, ate o proximo trabalho.friend lie